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- CLUBE DE LEITURA DA PROPÁGULOIngressos: R$ 0,00 - R$ 80,0022 de junho de 2023 | 23:00
Editorial (27)
- FORMA INSÓLITA DA REPETIÇÃO
Ao criar obras que exploram a força complementar entre corpo e matéria, Chacha Barja (PA - 1990) revela uma intensa pesquisa sobre o barro e a escultura, a qual evidencia sofisticadas dimensões ontológicas, mais conscientes do mundo, em oposição ao tempo perdido em um ritmo mecanizado. Nesta entrevista, conversamos sobre como a cerâmica se tornou seu caminho para transformar vivências do seu íntimo em obras que falam sobre vitalismo, identidade e a brasilidade em uma insólita mistura. ELIZABETH BANDEIRA - Qual o seu nome, sua idade e de onde você é? CHACHA BARJA - Meu nome é Chacha Barja, tenho 34 anos e nasci em Belém, mas me mudei para muitos lugares ao longo desse tempo. Minha infância foi no estado do Pará, e minha adolescência, a partir dos 12 anos, e parte da vida adulta, foi vivida no Rio de Janeiro. Ainda vivi quatro anos em São Paulo e agora estou em Recife, também há quatro anos. EB - O seu escopo criativo abarca materialidades diversas. Qual delas foi a primeira que você teve interesse em adentrar e investigar mais sobre? CB - O mistério da matéria me acompanha desde novo. O desenho foi a primeira linguagem com que me envolvi, pois era como uma brincadeira que encanta. O ato de desenhar foi como uma fuga, especialmente por ter vivido uma infância queer, existindo enquanto uma criança viada, o desenho se sobressaiu como uma escapatória e como uma criação de laços afetivos. Para mim, o desenho segue, ele foi e ainda é o início de tudo. EB - A cerâmica é um ponto forte na sua pesquisa. Quais são as suas primeiras memórias com esse elemento? E o que te aproximou dela? CB - O barro me traz lembranças muito nítidas de Belém, não só por toda a identidade da cerâmica marajoara e tapajônica que nos ronda, mas também pelas vivências e histórias da infância. Íamos muito para o mosqueiro, uma ilha fluvial perto da cidade e nessa região tínhamos, eu, minhas irmãs e nossos primos, uma brincadeira de ir até uma parte mais funda no rio para catar barro. Por meio dessa coleta arenosa e barrenta, com o que conseguimos levar para a margem e para a nossa casa, brincávamos de esculturinha e pintávamos as peças com guache. Eu devia ter uns cinco anos de idade. Essa é a minha primeira memória com o barro. Já adulto, acabei me encaminhando para o Design de Produto, no intuito da criação e da materialização formal, mas, mesmo atuando no campo, não me sentia encaixado nesse mercado e nem na própria graduação. O que me impulsionou a sair desse caminho foi o meu sonho incessante de ser um escultor. Comecei a sentir que isso poderia ser um ofício quando passei, em 2013, numa residência em Portugal, na Vista Alegre, uma fábrica de porcelana e cerâmica. Era uma grande indústria que juntou, em um laboratório criativo, novos designers na casa dos 30 anos vindos dos mais variados lugares. Essa experiência me trouxe uma perspectiva muito diferente e interessante. EB - Existe uma itinerância contínua na sua trajetória. De que forma esse processo migratório toca na sua linguagem artística e nas suas produções? CB - Tive uma juventude de moradias instáveis. Essas mudanças foram contínuas e usualmente catastróficas. Acredito que é a partir daí que começo a criar apego pelos objetos, pois não consigo desgarrar da matéria e isso também flui para a forma como investigo minhas criações. Em 2017, vou para São Paulo. Lá, trabalho com agências de publicidade enquanto designer. No entanto, sabia que precisava traçar um novo caminho, com o desejo de persistir nas investigações escultóricas. Ainda não tinha nem o barro nem o suporte financeiro, então minhas pesquisas estavam envoltas pelo rastro: objetos que eu catava, formando uma mapoteca de materiais preciosos para esse processo. Começo, então, a explorar o processo volumétrico de uma forma, de abstrair uma fórmula, uma morfologia ou uma história pelo volume. E ainda em São Paulo, busco o barro para aprender um ofício e assim um suporte para a investigação escultórica. Atualmente, uso as ferramentas de trabalho que disponho no momento e finco um buraco neste chão recifense. Aqui exploro essa explosão que o barro provoca em mim e entendo as relações que o mesmo provoca nos corpos. Como que você pega nele? O que faz com ele? Trabalhar com o barro envolve uma relação, é como um namoro e uma poética. EB - Como é o seu processo criativo? O que acontece entre o rascunho e a materialização do trabalho? CB - Desenho o tempo inteiro e tenho alguns cadernos dos quais nunca me desfaço, onde coleto formas do cotidiano ou situações que me inspiram, a exemplo da nossa brasilidade como um todo: as situações e objetos que vemos na rua, frutas, pessoas… Daí vou para o barro e começo a trabalhar nele. Já testei muitos, atualmente trabalho tanto com massa cerâmica, que passa por um tratamento de purificação e é mais assertiva em resultados físicos de plasticidade e redução, quanto com o barro orgânico, que é mais singular em pigmentação e textura. Antigamente não tinha a pretensão de construir algo específico, porque era muito movido pelo ato da experimentação — algo também da infância, mas que vejo por uma outra perspectiva atualmente: hoje trago comigo também a intenção. Gosto de escrever para entender os processos, em um dos meus textos falo que “de um vasto campo arenoso vejo turvo um futuro oásis: montanhas pálidas, castelos inacabáveis. Olhar para frente é um deserto. Os grãos escorrem da mão e todo dia se mudam com o vento. O amanhã é labirinto, incerto. Cansado do limpo horizonte. Explode a surpresa do agora. De golpe, o desejo aqui insiste. Perfuramos como presente. Do chão brotam olhos, órgãos, pelos, frutas e vulcões. Ergue-se aqui a vida, um vestígio para o futuro”. É como se o planejamento e a intenção de explorar algo em um futuro não fossem compreensíveis para mim, ainda não entendia os métodos ou se há algo que me definisse enquanto escultor, artista. Só quando começo a entender que o tempo do trabalho é o agora e que perfurar o chão é parte essencial do processo, é quando saio do pensamento escultórico do futuro e boto meu corpo para o trabalho atentamente, criando raízes. EB - Quais são as histórias que você busca contar através do seu trabalho? Quais memórias e temáticas seguem rondando a sua produção? CB - Começo a investigar a escultura a partir do conceito de vitalismo e da produção de Constantin Brâncuși. É um jogo de dualidade no qual você faz uma forma tomar vida enquanto doa parte da sua para aquela matéria. Cara, um dia de ateliê e fico com uma sede tremenda, porque a cerâmica puxa a água da gente, sabe? Então é como se tivesse extraindo esses corpos de mim, abrindo meus órgãos, meus olhos e meus ouvidos. Quero mostrar isso na minha escultura ao desenhar formas — orelha, língua, intestino — e penso nas escolhas cromáticas, com o acabamento dos esmaltes, que reforcem uma sensação do que é fluido ou do que é casca e armadura. Inicialmente trazia muitas cores às obras, mas com o tempo fui entendendo que precisava tratar sobre a matéria e forma para depois trazer as cores, os detalhes e as pinceladas que derretem e se transformam com a queima. EB - Quais referências, visuais, sonoras e textuais você mobiliza ao realizar suas esculturas e demais produções? CB - O que me auxilia no processo de criação é a vida do cotidiano, a gambiarra. Soluções divertidas que expressam uma identidade brasileira mesmo. Objetos ordinários que rondam esse imaginário, algo voltado à fantasia, ao carnaval, ao comestível e ao tropical. Referências artísticas me volto para Maria Martins, Francisco Brennand, Tiago Amorim e Véio. Algo da cultura popular também me influencia, como é o caso dos ex-votos, as promessas feitas, o colocar de um corpo para fora. Quando cheguei em Recife, o Escadaria foi muito importante para mim. A cultura de dividir um ateliê e seus processos diários com outros artistas. Agradeço muito a Rayana Rayo , por me abraçar nesse espaço de singularidade, e a todas as outras artistas, onde encontrei laços de afeto e de trabalho, como Lu Ferreira, amorí e Danielly Guerra. Sobre o ofício do fazer na cerâmica, converso muito com Guilherme Lira, com Suênia Seixas e com Nando Portela. A troca com o outro tem um impacto tremendo no meu trabalho.
- IMAGINÁRIO REESTRUTURADO NA PINTURA DE BISORO
O artista Bisoro (RECIFE, PE, 1999) foi convidado para desenvolver “Agora nada que já lhe tenha pertencido existe”, novo múltiplo de arte disponível para o Clube de Assinantes da Propágulo. Em conversa com a redatora Elizabeth Bandeira, o artista divide um pouco sobre seu processo de criação, os aspectos subjetivos nas suas obras e as principais referências que influenciam na sua produção. Elizabeth Bandeira - Bisoro, você poderia nos contar um pouco sobre você e o seu trabalho? Bisoro - Meu nome é Bisoro. Tenho 24 anos. Sou artista visual e meu trabalho propõe o mapeamento e documentação das práticas ligadas à autoproteção e expressão de afeto por um corpo localizado nas bordas da cidade, especificamente a partir do Céu Azul, bairro da periferia de Camaragibe (PE), de onde venho e exerço minhas pesquisas. Atualmente, desenvolvo meu trabalho através da costura, na qual eu projeto armaduras que protegem esse corpo vulnerabilizado, e através da pintura, a fim de criar símbolos de força e autoafirmação, assim como performance e vídeo. EB - Como suas experiências pessoais influenciam a temática e o conteúdo das suas obras? B - Meu trabalho está diretamente conectado às minhas experiências íntimas e àquelas compartilhadas com as pessoas ao meu redor. São situações usualmente ligadas a violências infligidas por agentes externos a esse corpo em vulnerabilidade, assim como a expressões de revolta que podem se originar dessas ações opressoras. No filme todos os abraços que não te dei , por exemplo, eu ficcionalizo, ao mesmo tempo que documento, a ação forçosa de abertura das portas traseiras dos ônibus realizada por moradores do Céu Azul, no intuito de usufruírem deste transporte de forma gratuita. Essa prática é criada a partir da compreensão compartilhada pelos residentes da injustiça e descaso à acessibilidade causada por agentes públicos a esses corpos à margem. Aspectos subjetivos, como o sentimento de saudade e afeto, principalmente ligados a mortes violentas, são um outro ponto de interesse do meu trabalho. Busco transmutar a realidade que me cerca propondo um lugar ficcionalizado de fuga e proteção. Desenvolvo minha prática a partir dessas observações. EB - Como você escolhe os elementos que compõem suas pinturas para transmitir as sensações que você explora? B - Me interesso artisticamente pela criação de um lugar seguro. A partir disso, elaboro visualmente alguns símbolos de força e poder, representados neste corpo monstrificado que projeta espinhos e asas, possibilitando-lhe uma fuga de lugares sombrios. O uso das cores também vem desse meu desejo de criar um espaço seguro e ameno a vivências vulneráveis, em contrapartida aos estímulos que elas já são expostas. EB - Você foca a maior parte da sua produção na pintura, mas queria saber se existem outras linguagens que você gosta de experimentar. B - Comecei a minha produção visual na infância, a partir do desenho e, influenciado por filmes, segui para os quadrinhos. Falo isso porque as mídias e as materialidades que escolho para desenvolver meu trabalho são modificadas através do tempo. Atualmente, a pintura e a costura ocupam um lugar mais central das minhas produções, tendo esta última me possibilitado a criação da FARPA , minha marca de vestuário, mas minha prática escorre para diversos lugares, do grafite à performance. EB - Quais são as tuas referências e influências atuais? E como elas estão presentes no múltiplo? B - As minhas referências partem de muitos lugares, seja da vida e obra do artista plástico Jayme Figura, até as animações japonesas dos anos 2000 e alguns subgêneros do Trap. Entendo essas referências, a exemplo do anime, não como um consumo pessoal exclusivo, mas como uma absorção compartilhada e massificada por uma população preta e periférica que se reconhece nas narrativas presentes dessas mídias. Me influencio também pelas músicas e estéticas imaginadas por pessoas pretas, respectivamente o Trap e Opium, um subgênero do streetwear com raízes nas subculturas Avant-garde Metal e Punk. “Agora nada que já lhe tenha pertencido existe", por Bisoro - Disponível para assinantes da Propágulo Assine e receba! O múltiplo de arte “Agora nada que já lhe tenha pertencido existe", de Bisoro, foi impresso em serigrafia de cinco cores sobre papel Canson 200g livre de ácidos com 42 x 51 cm. As artes são assinadas e numeradas pelo artista e contam com certificado de autenticidade. Com diversos planos, o Clube de Assinantes da Propágulo é o ponto de encontro para quem busca colecionar e se aprofundar sobre arte. Fazendo parte deste programa, você recebe nossas revistas, livros e múltiplos de arte por um preço especial, além de garantir uma série de benefícios, como gratuidade em cursos, acessos exclusivos ao editorial do site, notícias antecipadas dos nossos lançamentos, e muito mais!
- APERTAR OS ÓRGÃOS NOS LIMITES
É através do óleo sobre tela que Geoneide Brandão (AL - 1999) encontra a dimensão necessária para falar sobre o seu desejo, este que, em meio ao rubor das suas vivências, acaba confluindo também com aqueles compartilhados pelos seus pares. Nesta entrevista à Propágulo, rememora a sua trajetória artística, o erotismo por trás das suas obras e quais as principais referências que espelham no seu repertório imagético. Paisagem , 2023, óleo sobre tela, exposto na Trienal internacional de Tijuana Não há análise, cartografia ou finalismo que defina a arte queer. A metodologia para uma investigação conceitual do movimento, que se vê contrária a percursos certeiros, os quais podem até dar sentido às perspectivas normativas, é cingida sobremodo pela codificação cultural das subjetividades. Ao discutir outras possibilidades de existências não identitárias, a pesquisa visual de Geoneide Brandão desordena “os códigos de inteligibilidade e apavora os viciados em identidades e desejosos de normas” ¹. Situado no bairro da Boa Vista, em uma vila de casas que resistiram ao tempo e ao processo de verticalização cada vez mais ambicioso no Recife, o seu ateliê é tomado por imagens que, em um não enquadramento dentro de um gênero binário, cortejam com as excentricidades provocadas pelo encontro do diferente à norma e inusitado. Vindo de Ouro Branco, município do Sertão de Alagoas, o artista de 25 anos já migrou para Maceió, Natal e Rio de Janeiro até firmar o que considera um lar na capital pernambucana. Entre tantos deslocamentos, Geoneide começou a dar contornos à sua trajetória artística. “Não sou uma pessoa introspectiva, mas sou muito tímido. Encontrei nas artes visuais uma maneira de me expressar. Ainda no Sertão de Alagoas, durante a minha adolescência, me interessei pela fotografia. Foi ao chegar em Maceió que transitei para a pintura, sempre intercalando com o desenho e a colagem. Mesmo tendo contato com outras linguagens, me considero um pintor, é meu lugar de segurança” , comenta. Desenvolvendo a sua paleta de cores há quatro anos, com uma seleção cromática marcada principalmente pelo esbraseado erótico do rosa e do vermelho, o artista realiza pinturas a partir de fotografias tiradas pelo celular. Tais cores preenchem tanto cenas com imagens detalhadas, onde o referente é delineado com clareza, quanto telas mais voltadas à sua atual pesquisa, onde os trabalhos parecem ser construídos abstratamente, mas são recortes ampliados de obras que já existem. É na conjugação do procedimento de pintura ao toque outrora vivido ou imaginado que o trabalho do artista se emaranha com o campo do desejo. Ao “juntar duas volúpias num ato sublime, onde o domínio de si mesmo e sua técnica, se fundem ² ”, tal qual o prazer de pintar o que se deseja se funde ao prazer de pintar, o seu escopo artístico se contrapõe a discursos insustentáveis na contemporaneidade, como os apresentados e rechaçados pelo pintor Heitor Dutra em A Grande Aventura: desdobramentos de uma imersão em pintura , sua dissertação de mestrado. O historiador da arte Daniel Arasse (2019) aborda essa relação, que Valéry (2003) trata como a união de duas volúpias de maneira bastante contundente e também problemática. Ao associar a força matricial do pintor ao fato deste possuir um pênis, o historiador exclui imensa parcela das pessoas que pintam, caindo numa redução perigosa (...). Seria também interessante se esta história construísse, ao seu cabo, a expectativa em relação aos próximos passos desta união de volúpias; quais corpos e como operarão, para além da relação pênis-pincel ou homem-mulher, os próximos pintores, pintoras e pintorxs? (DUTRA, 2020, p. 46-47). As provocações sensoriais na obra de Geoneide Brandão atuam diversamente — duas bucetas juntas, uma lambida em um mamilo, ou uma mastectomia, já são suficientes para causar desconforto à ordem normativa. No entanto, os aspectos surpreendentes em cada tela remetem a uma epistemologia de que a “queeridade nunca pode definir uma identidade, só pode perturbá-la³”. Para o artista, como ele próprio afirma, o tensionamento proposto pelas formas e movimentos em suas pinturas são como quem diz “Eu existo, as minhas relações existem e tem beleza e angústia nessa subjetividade”. Livre , 2021, óleo sobre tela À época que apresentou sua produção em Gestos de amor, práticas de sedução , exposição que integrou a segunda edição do Contra-Flecha, programa artístico da galeria Almeida & Dale, as reflexões do filósofo Renato Noguera foram base para as discussões dos artistas participantes. “Dialogamos sobre a diferença entre o erótico e o pornográfico, e uma das coisas que ele mencionou foi sobre como o pornográfico está envolto dessa objetificação do sujeito. Minhas representações partem de um lugar de subjetividade e confluência. Sou uma pessoa dissidente e quem me cerca também, então minha produção é consequência dessa realidade. Vejo minha pintura como um espaço de desejo e poder, um Cavalo de Tróia que propõe questões contrárias aos conceitos conservadores de gênero”, disserta. Para o desenvolvimento das suas obras, o artista alagoano mobiliza algumas referências que considera importantes. Na música que escuta, a subversão que atravessa décadas da cantora e ícone pop Madonna. Já na fotografia, cita os trabalhos do chinês Ren Hang e da estadunidense Nan Goldin. Na pintura, a figuração sintetizada de Georgia O'Keeffe chamou atenção desde os momentos iniciais da sua trajetória artística. “Já no meu ciclo social, posso citar Fefa Lins, pela forma como ele fala sobre as questões de corpo e sexualidade. Fiz parte também de um ateliê coletivo, o Escadaria, e foi bem importante para mim ter contato com os processos das outras pessoas que participavam dele, como Rayana Rayo, amorí, Eduardo Nóbrega, Ossy, Lu Ferreira e Xinga”. O repertório das cenas íntimas no trabalho de Geoneide Brandão estende um vigor estimuloso àqueles “que não temem sua revelação nem sucumbem à crença de que as sensações são o bastante ⁴ ”. É nessa circunstância que as produções imagéticas sedutoras nos inspiram e tomam forma. Em possibilidades onde não há esvaziamento ou monotonia, existe uma intensidade tão cativante que não encontramos outra maneira de saboreá-la que não pela exigência de pôr em prática o êxtase que nos pertence. ¹ Revista Electrónica de Psicología Política, v. 11, n. 22, p. 261-277, 2011. ² VALÉRY, Paul. Degas Dança Desenho. São Paulo: Cosac Naify, 2003. ³ EDELMAN, Lee. No al futuro. La teoría queer y la pulsión de muerte. Madrid: Egales, 2014. ⁴ LORDE, Audre. Os usos do erótico: o erótico como poder. Original. Use of the Erotic: The Erotic as Power, in: LORDE, Audre. Sister outsider: essays and speeches. New York: The Crossing Press Feminist Series, 1984. P. 53-59. Tradução feita por Tatiana Nascimento dos Santos – Dezembro de 2009